sexta-feira, 15 de abril de 2011

Carlos Drummond de Andrade - das pessoas que eu admiro

Carlos Drummond de Andrade (31 de outubro de 1902 - 17 de agosto de 1987)

O Drummond, mesmo que um pouco clichê, é meu poeta preferido da vida toda. Foi inspiração para muitos desenhos, foi motivo de sorrisos, de lágrimas e de bastante dinheiro gasto em livros.

Pequena eu sabia de cor "João que amava Teresa que amava Raimundo...". Quadrilha. Gostava da história, do ritmo, dos nomes todos (gostava também daquela propaganda do sonho de valsa....... mentira). Também me lembro de ter estudado poesia nas aulas de português na quinta ou sexta série. Durante esse tempo uma vez por semana um aluno da turma tinha que, sem ler, recitar um poema trazido de casa. Eu escolhi Mãos Dadas,
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins, e repeti muito em frente ao espelho. Nunca esqueci.

Sei muitos de cabeça e muitos deles tem uma importância gigantesca na minha vida. Nos meus caderninhos quando leio alguma estrofe rabiscada num canto inevitavelmente me lembro de alguma fase da vida, de alguma pessoa, de algum sentimento bonito ou de alguma angústia. É difícil para mim falar sobre os que mais me foram marcantes.

Amor Antigo
, sobre o primeiro namorado, Destruição, sobre o mesmo primeiro-namoro-conturbado, Memória, sobre rompimentos. Tem também a série das angústias existencialistas da adolescencia, com as poesias que me descreviam, e talvez ainda descrevam:
Coisa Miserável, É melhor sorrir (sorrir gravemente) e ficar calado e ficar fechado entre duas paredes sem a mais leve cólera ou humilhação, O Enterrado Vivo, e o preferido de todos os tempos:

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossege
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação

Esse eu escrevi em tudo que eu pude durante toda a oitava série, desde capas de cadernos até a parede do quarto. Que marca uma parte de mim muito grande. Amo, amo, amo, amo tanto que não sei nem dizer, até hoje, do mesmo jeito. Talvez mais. Talvez menos triste.




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E é isso.... Das pessoas que eu admiro.

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